Uma das complicações causadas pelo novo coronavírus é a obstrução de vasos sanguíneos em diferentes locais do corpo. A trombose se refere à formação de um coágulo (ou trombo) que, em algum lugar do sistema circulatório, leva à obstrução do vaso sanguíneo. Ela ocorre em função de alterações na capacidade de o sangue se coagular. Uma das coisas que aumentam o risco de o sangue coagular e formar trombos é uma infecção com potencial sistêmico como a Covid-19.
O Dr. Germano Paz, cirurgião vascular e endovascular do Instituto de Neurociências do Piauí, responde a algumas dúvidas sobre o assunto.
- A Covid-19 pode causar trombose? Se sim, por que isso acontece?
Dr. Germano Paz: Sim. A infecção pelo coronavírus provoca um processo inflamatório tal que agride o endotélio (camada mais interna da parede dos vasos) de veias e artérias e também altera a viscosidade do sangue. Essas duas coisas juntas, somadas ao fato de muitos pacientes terem sua mobilidade reduzida pela internação que muitas vezes é necessária, são um prato cheio para a coagulação exagerada do sangue, a trombose propriamente dita.
- Quais os sinais de trombose?
Dr. Germano Paz: O vírus pode provocar tanto a trombose venosa como a trombose arterial, como já dito, e o quadro clínico, portanto, variará conforme o território acometido. Na trombose venosa, temos um inchaço pronunciado, dor e endurecimento especialmente da panturrilha, mais frequentemente em um dos membros inferiores. Já a trombose arterial pode apresentar-se com infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) ou dor, frialdade e roxidão em um dos membros.
- Que pessoas apresentam maior risco de desenvolver trombose?
Dr. Germano Paz: Os pacientes com COVID e que precisam ser internados estão entre aqueles que mais tem risco. A taxa de ocorrência chega a 40% de trombose venosa entre os pacientes que precisam de UTI. O grau de imobilidade maior, a maior agressividade da doença e a presença de outros fatores próprios do ambiente hospitalar explicam essa maior ocorrência. Somados a isso, devem se preocupar os pacientes que possuam histórico pessoal e familiar de trombose, os obesos e aqueles que estejam com mobilidade reduzida ou em pós-operatório de cirurgias de grande porte.
Fonte: Ascom Instituto de Neurociências