Pesquisas médicas apontam que quase 40{6d857a5eddbb2921316bbb2a854dfee372799a40158188d54804cd1fbb972595} da população brasileira sentirá dores crônicas em algum momento da vida. Atualmente, o mal de Parkinson, que não tem cura, atinge cerca de 250 mil brasileiros. Estas são apenas duas das várias doenças onde a neuromudalação tem apresentado bons resultados em pacientes onde os medicamentos já não apresentam o efeito esperado. A técnica, que nunca foi realizada aqui no Piauí, foi apresentada em uma palestra realizada na manhã deste sábado (16), em Teresina, pelo neurocirurgião Erich Fonoff, que atua no Hospital das Clínicas de São Paulo e é referência na realização do procedimento.
A neuromodulação consiste na implantação de eletrodos no cérebro ou na médula do paciente, controlados por uma espécie de marcapasso. O equipamento é implantado por meio de uma cirurgia. Erich Fonoff explicou que a técnica já é utilizada há mais de 40 anos em casos como o mal de Parkinson, mas hoje é indicada também para o tratamento de várias outras doenças, entre elas as dores crônicas na cabeça. Atualmente, o nível de melhora nos pacientes submetidos à técnica é de 70{6d857a5eddbb2921316bbb2a854dfee372799a40158188d54804cd1fbb972595}.
“A melhora do paciente vai depender de cada caso e a técnica é indicada apenas para aqueles mais complexos, onde o tratamento com medicamentos não surtem mais efeito. Após a cirurgia, é imprescindível a reabilitação e o acompanhamento médico”, diz Fonoff. Segundo ele, o procedimento cirúrgico da implantação dos eletrodos não é algo complexo, mas requer os cuidados inerentes a qualquer tipo de operação. “Há risco como o de infecção e todo o procedimento deve ser feito por uma equipe especializada”, orienta Fonoff.
A palestra reuniu quase 60 pessoas no Instituto de Neurociências do Piauí, que promove constantemente eventos para a qualificação de médicos piauienses. O coordenador do evento, o neurocirurgião Francisco Alencar, lembrou que, apesar dos bons resultados obtidos em todo o mundo, a técnica da neuromodulação nunca foi realizada aqui no Piauí e destacou que, em Teresina, há hospitais de porte para fazer o procedimento, mas é preciso o aprimoramento da equipe médica.
“Trata-se de uma esperança para pacientes que não respondem mais a um tratamento. Porém, entre os piauienses, somente aqueles que têm condições de viajar para outros estados têm como se submeter à neuromodulação”, lamenta Alencar. A cirurgia já é considerada um procedimento de rotina em todo o Brasil e é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A aposentada Julieta Gonçalves, de 70 anos, que mora em Teresina e sofre de mal de Parkinson há 19 anos, realizou o procedimento de neuromodulação no Hospital das Clínicas de São Paulo em 2011 e relata as mudanças desde então. “Voltei a andar e me vestir sozinha. Antes da cirurgia, não conseguia nem virar de lado”, diz Julieta, que tem que ir periodicamente a São Paulo para fazer o acompanhamento dos eletrodos. A aposentada ainda faz sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, em Teresina, para amenizar os sintomas do Parkinson, que é um mal degenerativo e que não tem cura.
Por Thaís Araújo – R2 Comunicação